Como ler mais e desenvolver o hábito da leitura

como ler mais e desenvolver o hábito da leitura

Como ler mais? Como desenvolver o hábito da leitura?

Se você chegou até aqui buscando dicas sobre como pôr em prática a leitura em sua vida, fica comigo, pega papel, lápis, caneta (é sério) pois não espere aqui por dicas superficiais. O que contarei são dicas, aprendizados advindos de minha própria experiência como leitora. Anote os insights que achar lhe sejam úteis.

Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros. – Augusto Cury

É sobre isso esse artigo. As suas respostas podem estar aqui. Através de mim, dos meus erros e aprendizados.

O que me fez sair de uma média anual de 1 livro lido por ano para 17 livros lidos no ano de 2020? Já adianto que essa quantidade não foi só devida as condições de isolamento promovidos pela pandemia de COVID-19.

Nunca fui uma leitora assídua de livros, porém eu sempre fui implacável na busca por sanar minhas dúvidas, resolver situações e adquirir conhecimentos e isso muito através de pesquisas na internet, no Google, por meio do smartphone. Sempre quis ter o hábito de ler livros por ouvir muito falar dos seus benefícios, mas de fato nunca o tive, nunca consegui. Outro detalhe sobre mim: tem uns anos que acompanho um site de uma literatura específica da qual eu gosto e, que faço por onde? Na internet, no smartphone. Sempre lendo e dando scroll baixo-cima.

Aonde queres chegar com isso? Qual a tua virada de chave?

A virada de chave que transformou meu hábito de leitura é: qual tipo de livro leio. “Como assim ‘qual tipo de livro’?” Se livros físicos ou digitais. Além é claro do conjunto de clichês – ler sobre gêneros literários e assuntos que eu já curta ou tenho interesse em aprender e também, participar de desafios e ter metas de leitura. Mas principalmente, passar a ler livros digitais ao invés de livros físicos.

Sabe aquela velha história do ambiente de estudo, de evitar estudar no sofá e na cama porque vai chegar em um determinado momento que você vai ceder ao condicionamento a que aquele lugar te remete? De descansar e relaxar? Então, é por aí, só que ao contrário! “Como assim?”

Estou habituada a ler em um smartphone. É muito mais fácil pra mim, afinal já são anos desse condicionamento, de sua presença no meu dia a dia.

Ao contrário de criar um novo condicionamento do zero para leitura, de me adaptar para ler livros físicos, eu aproveitei de um gatilho que eu já tenho – o costume de consumir conteúdo através do smartphone para: criar o hábito de ler através de livros digitais no smartphone.

“O ideal seria criares o hábito de ler livros físicos, não? Talvez, o esperado. No meu caso, eu entendi que isso seria mais por apego, materialidade mesmo – só para eu ter aquela estante linda e cheia de livros. Bobagem! Hoje vejo que isso não faz sentido porque consumimos os livros em essência não pelo material e sim pelo imaterial/intangível – pelo menos, para mim pessoalmente, acredito que esse deva ser o principal motivo para a leitura. Então eu desapeguei de querer tentar e me forçar a ler livros em formato físico.

Chegou um momento em que percebi que a leitura em formato digital para mim é bem mais fluída e compreendi os porquês. Acabei encontrando mais benefícios e vários diferenciais. E ler passou a ser algo mais natural, não um sacrifício. E sem dúvida, uma conquista pessoal.

Em questão de conteúdo o ganho intangível é igual ao que se tem lendo um livro físico.

Todos os tipos de livros têm seus prós e contras, mas para mim, em minhas experiências, quem teve mais prós foram os livros digitais e aqui ressalto os principais pontos positivos que observei em minhas leituras neste tipo de livro em relação aos livros físicos:

1. Posso ler em qualquer posição e luz: com livro físico, eu particularmente, tenho a necessidade de estar sentada e em uma boa luz, o que atrapalha a concentração na leitura com toda a minha inquietude, ainda mais se a leitura não é tão instigante, fazendo-me justificar postergar a leitura mais facilmente. No smartphone, posso manter os hábitos de ler a noite com a luz apagada ou em qualquer outra luz e variando as posições: de bruços, de barriga pra cima, de lado, sentada – assim aumentado meu tempo de foco na leitura.

2. Dicionário: eu gosto de ler e entender o que estou lendo. Quando leio livros físicos, tenho a tendência de deixar o celular de lado – por vezes em modo avião para ater a minha atenção na leitura. E quando preciso buscar algum significado, eu tenho que parar a leitura, marcar a página, largar o livro, pegar o telefone, desativar o modo avião, fazer a busca no navegador e voltar a leitura. É incômodo. Em livros digitais, se você está lendo de dentro de uma plataforma de leitura (Kindle, Skeelo, Aya Books, outros), geralmente você já tem disponível um dicionário instalado para com brevidade lhe esclarecer e/ou no máximo o que precisará fazer é ir no navegador rapidinho espiar o significado e voltar para a leitura. O celular já está na mão, é só pesquisar e na sequência retornar o foco a leitura.

3. Os livros digitais são mais baratos que os livros físicos e não tem taxa, nem prazo de entrega: livro disponível a partir do momento da compra. E a depender de onde você mora, você também elimina um possível custo de tempo e de combustível advindo da necessidade de ir fazer a retirada da encomenda diretamente em uma agência dos Correios.

4. Função pesquisar: usar um leitor de livro ou ler um livro em extensão PDF é ter o benefício de buscar ou revisitar um assunto ou uma citação com muita mais praticidade, como se fosse um CTRL F em uma página do navegador ou um CTRL L nos programas do Pacote Office da Microsoft. No livro físico, se você não tem o hábito de usar post-its ou de fazer anotações, a dificuldade de encontrar ou reencontrar algo específico aumenta e muito, o ponta pé inicial na pesquisa é o sumário e que por vezes, pode nem ser de grande ajuda. Nesse caso, não existe a vantagem de pesquisar por palavras-chaves.

5. Posso ler de qualquer lugar e off-line, sem desculpas. Visto que, quem costuma sair sem o celular hoje em dia não é mesmo?

A leitura sempre me transformou muito, mas, através dos livros e em especial no ano atípico da pandemia, eu pude perceber e vivenciar de fato o quanto ela é necessária e transformadora em muitos níveis de nossas vidas. É muitas vezes sabedoria encapsulada em páginas; alento para o coração; entretenimento; aprimoramento na (s) língua (s).

Então, aqui meu convite: segue lendo esse artigo até o final porque eu realmente quero te ajudar e te apoiar nessa caminhada. Seja para iniciar ela ou continuar nela e, para que se já não, você possa um dia, em breve, perceber o potencial dessa ferramenta de comunicação e obter muito desse poder transformador na sua vida.

Creio que vai ser pela experiência de um dia você ler algo realmente impactante ou que te faça refletir que você conseguirá compreender os benefícios quais todo mundo conta a respeito da leitura, para assim torná-lo mais propenso e disposto a doar o tempo para tal hábito. Então, se até hoje não ocorreu contigo, calma. Há muitos livros para se ler no mundo, você com certeza ainda vai se encontrar em algum ou alguns gêneros favoritos de leitura.

Inclusive uma dica rápida para iniciantes é: comece com um livro de 90 até 200 páginas; você vai conseguir concluir sem tanto esforço e ao notar que conseguiu, possivelmente, terá mais ganas de explorar um novo livro, principalmente, se você gostou do que leu. Vá com calma. Não comece logo de cara por um livro de 300 páginas!

Se está lendo esse artigo e está buscando desenvolver o hábito de ler livros, não vou dizer – Compre e-books! Compre livros digitais! – afinal, isso foi uma questão de autoconhecimento minha. De perceber por qual motivo um tipo de leitura funcionou melhor comigo e outro não. E também da minha escolha pessoal de ignorar a criação do hábito de ler livros físicos. Eu me deixei fluir diante a condicionamentos pré-existentes e foi muito valoroso para mim – dos 17 livros lidos no ano de 2020, 12 foram digitais.

Por quais motivos então estás compartilhando tudo isso?

Porque acredito que como eu, muitos tenham esse desejo de serem mais assíduos na leitura, por inúmeros motivos e assim obter os benefícios. Seja aumentar vocabulário, criatividade, saberes, etc. E que além do desejo, tem ela como uma batalha.

Compartilho mais precisamente, porque vejo que todos estamos habituados ao digital hoje em dia, seja lendo notícias em sites ou no feed infinito das redes sociais – dando scroll baixo-cima. Assim, vejo um potencial dos livros digitais para conquistar muitos novos leitores, como me conquistou.

E bom, às vezes pra você adquirir esse hábito não vai ser através de um livro digital igual foi para mim. Vai ser por meio de um audiobook ou um podcast de resumo de livros ou um vídeo resenha¹. Ou mesmo os livros físicos.

A resposta para as perguntas que iniciaram esse artigo e também a dica mais valiosa, no final, é: autoconhecimento.

O que funciona para outros pode não funcionar perfeitamente para mim; o que funciona para mim, pode não funcionar para você.

O que eu quero dizer é que, dicas e sugestões, você vai encontrar muitas, mas não se apegue a elas. Teste as dicas encontradas aqui e por outros meios na internet e se perceba, perceba o que você mais gosta, o que mais funciona com você. Nós somos seres diferentes entre si, com histórias e experiências que nos moldaram até aqui e claro, podemos sim adquirir os mesmos hábitos de outros ou desejáveis, mas, se escutar, ouvir a própria voz, pode ser o caminho mais rápido para atingir o seu objetivo nessa situação de querer ler mais e/ou conquistar o hábito da leitura.

A palavra autoconhecimento, me parece, aos meus sentidos que se tornou um tanto banalizada e perdeu-se o próprio valor e dimensão nos dias atuais, o que não é legal, porque autoconhecimento é de fato a chave para o próprio avanço e melhoria contínua.

Acredito mesmo que a resposta seja muito por esse caminho e de fazer escolhas mais compatíveis consigo e de não se apegar tanto ao que é pré estabelecido pelos outros como o melhor a se fazer. Minha sugestão é: teste, tente e se perceba e no final siga a sua intuição ou, o que melhor esteja funcionando com você. Se proponha a se auto desafiar e a desafiar o que é dito como correto.

Ser leitor não é: todo leitor de verdade lê “dessa forma”.

Leitor é aquele que lê.

Se me perguntar se vale a pena ler: vale e muito. Imagine, por exemplo, que alguém obteve uma lição na vida ou estudou um tema durante muitos anos e compartilhou através de um livro ou de um texto na web: você não precisa passar pelas mesmos desafios, mesmas experiências e experimentos para aprender o mesmo. Você adquiri o ensinamento valioso através da simples leitura.

É como a citação inicial propõe, a gente não precisa necessariamente aprender pela dor; outros já passaram por aqui ou “ali” e já evidenciaram melhores caminhos, podem nos ensinar ou mesmo nos inspirar de alguma forma.

E, no caso desse post, os melhores caminhos, da experiência real que eu vivi, apliquei e descrevi aqui, talvez não seja o que você estava buscando. Acredito que não é há resposta pronta, não há uma resposta única para como criar o hábito da leitura?”

É como eu perguntar pra você “como fazer o melhor ovo frito?” Não existe. Cada um gosta de um jeito, de fazer de uma determinada maneira. Tem suas preferências pessoais, seus gostos. Lhe funciona melhor fazer de tal maneira; gema dura, gema mole, pode exigir mais tempo, menos tempo, mais sal, menos sal, uma frigideira menor, fogo alto, fogo baixo, mais ou menos óleo… e por isso a minha resposta continua sendo: conhecer a si mesmo.

Olhe para aquilo em que você se adapta naturalmente, não encaixe o seu gosto nos gostos de outras pessoas e não tenha como único padrão coisas que você pescou através da internet ou conversas.

Hoje, por exemplo, posso até citar que consigo ler mais e melhor os livros físicos, só que lendo em voz alta. É pessoal, sabe? Perceber o que funciona e o que não funciona pra você, sem ficar preso em ideias rígidas de o que é melhor ou pior. Eu me via me perdendo nas linhas em meio a enxurrada dos pensamentos e quando eu lia e leio em voz alta, pra fora, eu consigo manter melhor o foco e continuidade na leitura.

Deveria eu aprender a disciplinar minha mente? Sim isso é um passo importante na vida de todos. Só que por rigidez de leitora iniciante, no início me dizia “sim, devo começar lendo corretamente”, “a criar o hábito ‘correto'” e assim em meus inícios e reinícios: muitos livros comprados e nenhum lido. Talvez por inobservância de mim mesma, na falta de autoaceitação do meu movimento pessoal ou talvez, no seu caso, de não experimentar ler em voz alta e/ou não aceitar isso.

Hoje se pudesse voltar no tempo me diria: “Ok, isso é desejável, mas faz o que tu dá conta hoje, o que está funcionando de fato e deixa esse objetivo para conquistar no futuro”. Se com o tempo ainda for desejável se desfazer da leitura em voz alta ou não conquistou ler sem voz alta durante o processo, então você corre atrás. O que eu me diria ou me perguntaria é: “quantos livros físicos lendo em voz alta já poderias ter lido se não fosse tão apegada aquele padrão idealista?”, “o que você está perdendo por simplesmente não desapegar de um ideal que não estás conseguindo conquistar no momento”.

Quem nunca ouviu falar algo do tipo de que “é bom começar algo fazendo ‘correto’ para não se acostumar a um ‘jeito errado’ porque depois fica complicado se desfazer desse ‘jeito errado’?

As vezes pode ter algo registrado na sua mente acerca da leitura nesse sentido. Sobre o que é correto fazer. E então é sobre identificar e tentar mudar a forma de enxergar e desapegar desse ou daquele ‘correto’.

Se eu não tivesse me observado e me permitido mudar algumas formas não teria lido a metade dos livros que já li até hoje.

Aliás, falando de livros físicos, alguns benefícios dos livros físicos para eu ser mais imparcial possível e, fomentar que, se assim é seu desejo de se habituar a ler livros físicos, bom: eles te dão a possibilidade de trocar livros usados com outros leitores e vender em sebos de forma a fomentar a sustentabilidade; de fazer empréstimos em bibliotecas públicas, sem a necessidade de comprar o título para conseguir lê-lo; e, até mesmo, ser uma opção de presente para aquela pessoa que você sabe que gosta de ler².

E você já conhece o Skoob?

O Skoob é uma rede social brasileira para leitores. Ele também pode ser uma ferramenta para te ajudar nessa jornada da conquista do hábito da leitura. Funciona como uma estante virtual, onde você pode não só colocar os livros que já possui, os que deseja, os que já leu, seus favoritos, como aqueles que ainda deseja ler, ter, o que está lendo agora, fazer seu histórico de leitura, escrever anotações no histórico de leitura (para deixar registrado citações relevantes para revisitar no futuro), planejar sua meta de leitura para o ano, participar de desafios de leitura e fazer o acompanhamento do progresso em direção a essas metas. Tudo de forma muito prática e organizada. Você pode ainda avaliar livros, fazer resenhas, trocar livros com outros usuários, participar de sorteios para ganhar livros lançados das editoras e muito mais. É muito bacana e super útil estar integrada nessa rede, por tudo que foi pontuado acima, além de se poder fazer amizades, conversar com outros leitores e descobrir novos títulos do seu gosto para ler.

Eu como usuária há mais de 7 anos, super indico o uso, seja o aplicativo ou em versão web. Pessoalmente uso muito como meu registro pessoal de leituras, para definição e acompanhamento de metas de leitura, registro de citações marcantes no histórico da leitura para poder rever e recaptular mais à frente algumas lições do livro, fazer resenha e uso também bastante o programa de trocas de livros da rede, que é muito bom.

Uma última coisa! Uma lição aprendida recentemente: se tornar leitor, adquirir qualquer hábito ou se desvencilhar de qualquer vício é um processo. Variável. De altos e baixos. Cada vez damos um passinho mais longe, mesmo que pareça que não andamos nada ou que tenhamos retrocedido. Sempre há um passinho mínimo e quase invisível, de conhecimento de si mesmo ou de resistência e não reação ao impulso de um vício.

Por que digo isto? Eu não permaneci lendo nos anos seguintes a 2020, 17 ou mais livros por ano. Me frustrei, me senti uma farsa ou desastre várias vezes certamente.

Ver essa cronologia de quantidade de livros lidos abaixo, apresenta um pouco esse processo:

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Falhei? Sou uma pessoa horrível por não ler 12 livros por ano como sempre coloco como meta mínima pessoal? Por ter uma baixa extrema em número de livros lidos após 2020 até 2023?

1 já é mais do que 0 ou nenhum. Sempre.

Agora note a imagem abaixo. É aquele papo: de grão em grão a galinha enche o papo.

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Eu pelo menos, sempre zelei o olhar pelo números e logicamente sempre me martirizei por isso, por não atingir minhas quase sempre altas expectativas. Sou meu próprio carrasco. Isso ‘era’ uma verdade. Estou tentando suavizar esse traço, aos poucos.

E isso faz-nos sentir incapazes de alcançar ou ver êxito naquilo que queremos, pois tendemos a olhar pelo ‘espelho retrovisor dos números’ ou das ‘falhas’ durante o processo. Mas é isso: um processo, de reajuste de rota, de adaptação, de aprendizado e de tempo em tempo, percebendo, modificando, ajustando.

Ás vezes só vamos conseguir enxergar e reconhecer o progresso em alguns anos e pasme! Não vai ser pelo choque pelo número total de livros lidos em tantos anos, mas ver o próprio processo de auto descoberta e ver como durante o período que aparentemente pode ter sido “só fracassos”, você se desenvolveu e se tornou momento a momento o leitor que é hoje: do seu jeitinho. Lendo o que gosta, da maneira gosta e no seu ritmo.

Se você ainda não é um leitor assíduo, equipare-se no processo de uma lagarta até tornar-se uma borboleta, livre para voar. Desde o início ela não sabe como vai ser a sua vida, nem o processo e nem aonde irá chegar. A essência é ser borboleta, vai indo, e na crisálida se transformando, sendo, e lá, no futuro, a borboleta já nascida vai olhar pra trás e ver, puxa, precisei passar por isso, isso e aquilo; agora compreendo tudo, aos poucos fui me adaptando dentro do casulo ao que era necessário para meu desenvolvimento e me moldando, ao tamanho das minhas asas, da cor que eu gosto ou a que é de minha essência divina ser, fui ali, perseverando, desenvolvendo, crescendo até que agora, sou borboleta. Cre’scendo’. Do meu jeito, na minha essência, com meus gostos, no meu ritmo.

Agora, sendo leitor em meu próprio padrão, meu método, o mais desenvolvido possível até o momento presente.

Escrever e ler mensagens está na essência humana, desde os nossos tempos rupestres. Embora que hoje o valor tenha se perdido e não tenha sido enaltecido em favor da manipulação das massas.

Se escreve para registrar e compartilhar conhecimento; se lê para compreender, aprender, expandir algo em si mesmo e acerca do mundo como um todo.

Se ler é nossa essência humana como a da borboleta é voar, talvez isso explique e muito porque estamos degringolando enquanto sociedade; a mercê de uns poucos manipuladores que usam da leitura, mas somente para si, para manter o controle e escravizar mentes irmãs, os mantendo distante dela.

“Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro.” – Henry David Thoreau

Continuando o artigo com mais algumas aprendizados pessoais que podem colaborar em sua jornada como leitor.

Um breve resumo sobre mim leitora:

Queria uma estante linda de livros, não logrei, por não conseguir ler e paralisar as compras e leituras; observei me lendo digitalmente em um site, aproveitei o gatilho e me voltei dos livros físicos para os digitais e notei as diferenças gritantes em minha leitura além dos diversos benefícios; observei a percepção de mim mesma e imputei a firme determinação no desapego a padrões conhecidos ou almejados irracionalmente; com o tempo percebi que ao ler em voz alta consigo ter mais ritmo, hoje, replicando ler desse modo em livros físicos, conquistei o marco de conseguir também ler livros físicos e alcancei a benesse de poder trocar livros com outras pessoas; as duas últimas lições que tive e que correspondem ao meu movimento mais atual são:

1 – Conseguir liberar espaço na minha vida para afazeres que agregam mais a minha construção e evolução como ser humano.

Eu conquistei minimamente um controle da mente, mas não no sentido de ler em voz baixa e sim, de conseguir aos poucos desapegar de muitas redes sociais as quais é muito difícil desapegar pelos padrões mentais já construídos na mente, de dependência, compreendendo o que me faz de fato bem e o que me faz mal na vida e assim, aos poucos, parar de replicar condicionamentos de vícios, desejos ou aversões, o que me fez “liberar” tempo e me voltar com mais força para um substituto rico, amigo e perfeito mestre no entendimento da vida e na vida: os livros.

Não foi aproveitando de gatilho de “peguei celular para entrar nas redes sociais” e “troquei por livro”, não foi assim. Foi um processo longo de anos. Desde a compreensão das influências externas, as redes, que trazem alguns benefícios sim, mas que para mim, em meu movimento pessoal, depois de analisar bem, mais atrapalham que acrescentam se a gente não se percebe influenciado e se deixa ser guiado por elas.

2 – Eu penei muito e parecerá até bobo, mas eu só mudei este padrão a seguir, quando ouvi por uma 2ª vez uma 2ª pessoa me falar a mesma coisa. Lembra meu padrão de metas inatingíveis e cabulosas? Exemplo:

Estabelecer um padrão de quantas páginas consigo ler por dia, dividir páginas totais do livro versus quantas páginas por dia, ‘lerei em tantos dias’. ‘Lerei até data tal’, ‘em menos de uma semana’, com “um respiro” quase inexistente pela super autocobrança. ‘Nesse mês leio tantos’, esse e aquele outro. ‘Tantos livros no ano’ se eu focar direitinho.

Acabava não conseguindo manter a leitura do primeiro livro, a constância e tal, até acabar até tal data, assim as leituras eram paralisadas, largadas.

Na maioria das vezes, sempre esse rolê das páginas, definir um tempo e dividir páginas com base em algum padrão anterior que tive sucesso, para concluir a leitura em tempo recorde e inatingível. Ou por prever já as leituras seguintes à ler. Enfim, o que quero me fazer entender é que eu era uma carrasca comigo mesma, “ler em tanto tempo”, “até tal data”. Fracasso, frustração, inúmeras desistências por minha falta de diria “compaixão”, do tipo “é lógico, é possível atingir isso” e estabelecer isso como tempo mínimo padrão. É loucura, percebo agora escrevendo. Que estive todo tempo estabelecendo tempos mais mínimos possíveis, metas carrascas, tornando impossível qualquer atingimento.

Eu ‘falhava’ ao não lograr alcançar meu padrão de ‘perfeição’.

Eu também não conseguia ler livros longos, eu tinha o atestado de: não consigo ler livros longos.

Tudo mudou quando eu aprendi a não definir um ritmo, apreciar, por que correr? Uma logística reversa dos meus padrões habituas.

Tive que ouvir 2 vezes, como já mencionei algo do tipo em resposta ao “eu não consigo ler livros longos, sempre paro no meio do caminho, defino uma meta…”: “mas pra quê?” do tipo, “tu tá competindo com quem?” não me recordo exatamente as palavras, mas foi mais ou menos isso o que uma amiga falou; a segunda pessoa se não me engano, apenas disse de “eu leio com calma”, “por que ler com pressa?”.

Posso não ser fidedigna ao que falaram de fato, mas é como ecoa na minha lembrança. E isso mudou muita coisa. Principalmente, quando a 2ª pessoa falou a bom um intervalo de tempo considerável em relação a primeira.

Creio que foi uma mudança interna que mudou tudo. Ler, simplesmente ler, sem metas, por que correr Bruna? Aprecie a estória. Hoje consigo ler livros de até 300 páginas em média, com calma e junto tudo de tudo que observei em mim, melhorei e hoje sou. Leitora.

Parai de ficar calculando páginas lidas. Hoje ignoro isso, simplesmente leio e leio até mais do que as metas carrascas de páginas por dia que antes estabelecia para mim e não conseguia cumprir.

E pasme número 2: não foi o controle que me tornou mais ou menos leitora, não foi cumprindo 21 dias seguidos forçosamente e sim, gostando de ler e ao modo que mais me apraz, ao meu modo!

Aprendi a saborear as páginas, a estória, o que o autor está contando. Eu conto isso porque talvez você seja como eu era ou virá a ser nesse seu projeto de “leitor” ou “leitor assíduo”. Foi preciso 2 pessoas me falarem a mesma coisa para eu notar de verdade que: ‘há outro modo’, ‘outra via que eu não conhecia ou não reconhecia’, ‘não precisa ser desse jeito’, ‘posso alterar a forma’, ‘testar’, ‘parece estranho para o meu padrão, mas vou testar e descobrir se é bom ou não, para mim.

Conto tudo isso porque talvez você não enxergue um padrão de cobrança alto consigo mesmo e que talvez seja a ruína das suas leituras. Digo com verdade e sinceridade, que esquecer o controle foi uma tremenda guinada no meu salto de leitura em 2024. Pude notar a fluidez que adquiri lendo, ao parar de contar páginas e controlar, foi uma das maiores viradas mesmo. E quando percebi, estava me superando em tantos níveis, por simplesmente “ler”, me inserir, ouvir a narrativa do que o livro está falando.

Ler é um pouco disso, abrir mão de si, do controle do tempo, como quando você pára para ouvir um amigo ou ouvir de verdade alguém. Ouvir o que o outro tem a dizer. Você não tira o foco dele em meio a multidão. Se está ouvindo de verdade, não presta atenção no celular, não controla a conversa, simplesmente, ouve, deixa fluir. Com os livros, para a leitura fluir de verdade, é necessário deixar muitas vezes de lado seus próprios pensamentos e racionalizações acerca do que está escrito, para ver tudo o que o autor escreveu sem pré-julgar o final com uma base interna e julgamento no início do prório livro.

Silenciar a própria mente pode também tornar a sua leitura mais fluída. Ao invés de ficar criando monólogos e ponderações interiores nada reflexivos durante as páginas e assim, não rendendo na leitura, focar em ler e compreender o autor.

Deixe-se fluir! Se autodescubra, teste, implemente, tente, negue, aceite e chegará sempre, com o tempo, em uma melhor versão de si mesmo, caro leitor (a) ou futuro leitor (a).


¹ Vejo prós e contras relacionados a ouvir podcasts e assistir vídeos resumo de livro; são bons meios e não tiro seu valor pra quem não tem acesso a livros ou não é alfabetizado ou é muito ocupado e quer ter uma prévia, se manter atualizado, revisar conteúdos ou adquirir insights rápidos, qualquer motivo assim. Só que por vezes esses métodos podem não ser tão imparciais quanto deveriam ou, tem o fato de não compreenderem tudo aquilo que o livro tem de dimensão ou pode proporcionar ao leitor, afinal, são somente resumos e há pessoas por trás desses resumos, carregando muitas vezes seus próprios vieses dada a sua própria experiência de vida.

² Adendo importante: se surgir a pretensão de dar um livro de presente tenha certeza de que a pessoa irá gostar. Se você não sabe um título ou gênero literário de livro que a pessoa gostaria de receber, tenha bom-senso e investigue, seja com familiares, amigos, no Skoob, no Goodreads ou mesmo com a própria pessoa. Não cometa uma gafe, não dê a mancada de dar um livro qualquer e evidenciar verdadeiro descuido, despreocupação. Não é porque a pessoa gosta de ler que ela goste de ler qualquer coisa. Eu sei, eu sei, pode ser na boa intenção e pessoa irá sorrir e acenar com o ato de você ter observado o que ela gosta de fazer, ler, mas será que no fundo ela gostará mesmo da obra que você a presenteou? Não deixe o tiro sair pela culatra!

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